terça-feira, 17 de março de 2009

25 - Reis - 6ª Parte - Destruição do Reino de Israel

Ruínas da cidade de Samaria

O rei Jeroboão II de Israel morreu por volta de 750 a.C. e seu filho Zacarias o sucedeu no trono. Entretanto, o reinado de Zacarias durou somente seis meses, tendo ele sido assassinado por Salum, que então ocupou o trono. Um mês depois, este foi assassinado por Manaém o qual permaneceu no trono durante cerca de dez anos. O acontecimento mais marcante de seu governo foi o episódio da revolta ocorrida na cidade de Tersa. Ele conseguiu suprimir a revolta, ao fim da qual matou todos os homens da cidade e deu ordens para rasgar o ventre de todas as mulheres então grávidas. Em seu reinado, o rei assírio Teglat-Falasar III invadiu as terras de Israel e impôs-lhe um pesado tributo de mil talentos de prata. Após sua morte, seu filho Facéias o sucedeu no trono de Israel e reinou durante dois anos, entre 738 a.C. e 736 a.C.

Facéias foi assassinado dentro do palácio real em Samaria por um de seus oficiais, chamado Faceia (filho de Romelias), também chamado de Peca, o qual assumiu o trono. Facéia reinou durante dois anos, tendo sido assassinado por Oséias, que se apossou do trono. Durante o governo de Faceia houve a chamada Guerra siro-efraimita, a qual foi uma coalizão entre o Reino de Israel e o Reino de Aram. Nessa guerra, o rei Rason de Aram e o rei Facéia se aliaram para enfrentar o avanço das forças da Assíria. Eles convidaram o rei Joatão de Judá para participar dessa coalizão, o qual recusou e manteve-se numa posição de neutralidade.

Oséias foi o décimo nono e também o último rei de Israel. Seu reinado durou nove anos, ao fim dos quais ele viu seu reino sendo conquistado por Sargão II, general de Salmanasar IV, rei da Assíria. Uma grande parte dos hebreus que viviam em Israel foram deportados para a Assíria e para a Média. Segundo uma inscrição, foram deportados 27.290 habitantes da Samaria para a Assíria.

A cidade de Samaria foi destruída após um cerco que durou cerca de três anos e, então, o Reino de Israel deixou de existir. Durante o cerco, os habitantes da cidade sofreram de maneira horrível tanto privações físicas quanto psicológicas. O profeta Oséias, que viveu em Israel naquela mesma época, descreveu os sofrimentos pelos quais o povo passou e o profeta Miquéias afirma que a cidade fora reduzida a um amontoado de pedras. Suas terras tornaram-se um lugar de completa desolação. Tudo isso aconteceu no ano 722 a.C.

Enquanto os hebreus estavam exilados, as terras do reino do norte foram povoadas por estrangeiros retirados de Babilônia, de Cuta e de outras regiões do império assírio. Com o passar do tempo, os cutitas reconstruíram em parte a cidade de Samaria. Mais tarde, quando os hebreus voltaram do exílio, muitos se estabeleceram lá novamente, misturando-se com os povos estrangeiros e pagãos que lá habitavam. Contudo, permaneceram monoteístas.

A questão dos estrangeiros terem povoado a Samaria e se misturado aos hebreus deu origem a um sentimento de desprezo que os hebreus de Judá tinham aos habitantes de Israel que permaneceria por séculos a fio. No tempo de Jesus, os judeus evitavam até mesmo passar dentro das terras dos samaritanos e também evitavam qualquer contato com eles. Atualmente, os samaritanos vivem numa pequena comunidade no Monte Garizim, formada por cerca de trezentas pessoas e, anualmente, celebram a Páscoa segundo os antigos ritos. Eles reconhecem como canônicos somente os livros que formam o Pentateuco.

Samaria foi uma cidade grande e luxuosa, muito semelhante a Jerusalém. Ao longo dos tempos, os reis de Israel construíram muitas obras que a tornaram uma cidade muito bela e poderosa. O profeta Amós relata que ela era uma cidade de luxo e efeminação. Além disso, ela sempre foi uma cidade conhecida, e ainda hoje lembrada, como o local de culto ao deus pagão Baal. Por outro lado, também foi o lugar onde o profeta Eliseu exerceu o seu ministério.

Muitos levitas, com a destruição do reino do norte, foram para Jerusalém levando consigo suas experiências e sua teologia, tendo eles sido bem recebidos pelo rei Ezequias. O livro que, mais tarde, seria encontrado no Templo de Jerusalém durante uma reforma, teve sua origem no Reino de Israel e foi levado por eles. Este livro é constituído pelos atuais capítulos 12 a 26 do livro do Deuteronômio.

A destruição do Reino de Israel foi anunciada pelos profetas, os quais lutaram incansavelmente pela conversão do povo. O culto aos deuses pagãos, a violência dos governantes e a exploração do povo foram constantemente denunciadas pelos profetas, que não temeram nem reis nem rainhas e jamais silenciaram a voz diante dos opressores.

Todo pecado traz conseqüências terríveis e a destruição de Samaria deve ser vista como um fim inevitável para os atos de seus governantes. A história dos reis do reino do norte foi marcada por assassinatos, guerras e muito derramamento de sangue. Reis violentos que promoviam a adoração de deuses pagãos e não ouviam a palavra de Deus anunciada pelos profetas foi uma constante na história do Reino de Israel. A justiça foi deixada de lado enquanto Javé era esquecido... E o preço por essas duas atitudes foi o completo aniquilamento.

Nilson Antônio da Silva

Um comentário:

Messias Silva disse...

Muito bom! Aprendi muito! Deus abencoe.