segunda-feira, 9 de março de 2009

07 - Jacó


Esaú e Jacó eram gêmeos, filhos de Isaac e Rebeca. Conforme narram as Escrituras, Esaú era mais alto, robusto e peludo, enquanto que Jacó possuía a pele lisa e era belo. Esaú se tornou um caçador e por ele Isaac tinha maior afinidade. Quanto a Jacó, este tinha maior afinidade com Rebeca, tendo se tornado um pastor.

Por ter nascido primeiro, Esaú tinha o direito de primogenitura, muito considerado em todo o Oriente durante a Antiguidade. Este direito de primogenitura garantia ao filho mais velho a herança de todos os bens da família, bem como a sua liderança. Os demais filhos, caso não quisessem permanecer sob a liderança do irmão mais velho, deveriam procurar seus próprios rumos.

Ora, ocorreu que, certa vez, Esaú abriu mão de seu direito em troca de um prato de comida oferecida por Jacó. Embora aparentemente um episódio sem grandes significados, suas conseqüências repercutiriam com o decorrer do tempo.

Estando Isaac já em idade avançada, havia chegado a hora de abençoar o seu primogênito passando a este todos os direitos sobre a herança e a liderança de sua casa. Então, Isaac pediu a Esaú que lhe preparasse uma caça, sendo que a bênção lhe seria dada em seguida. Rebeca, tendo ouvido a conversa, resolveu interferir em favor de Jacó. Enquanto Esaú estava caçando, ela orientou Jacó para que este recebesse a bênção em lugar de seu irmão. Ela preparou uma refeição e, após fazer com que Jacó se cobrisse com uma pele de cabra para que se parecesse peludo como seu irmão era, mandou que o filho fosse ter com Isaac. O velho Isaac, já quase cego, acabou por abençoar o filho mais novo pensando que estava abençoando Esaú.

Ao voltar da caçada e tomar conhecimento do acontecera, Esaú ficou furioso e jurou matar Jacó. Assim, Jacó teve que fugir e se esconder da fúria do irmão. Ele estava com a bênção, entretanto ficara sem a herança. E quanto a Rebeca, ele nunca mais tornou a vê-la.

Enquanto vagava pelas terras do Oriente Médio, Jacó teve um sonho em que via uma escada ligando a terra ao céu. Anjos luminosos subiam e desciam a escada. Então, ele viu diante de si o Senhor Deus, que afirmou-lhe: "Tua descendência se tornará numerosa como a poeira do solo; estender-te-ás para o ocidente e o oriente, para o norte e para o sul e todos os clãs da terra serão abençoados por ti e por tua descendência.” Então, Jacó compreendeu que Deus estava com ele e que queria seu bem. Ao local em que estava quando teve este sonho, Jacó deu o nome de Betel, que significa “casa de Deus” em hebraico. Alguns séculos mais tarde, seria construído aí um santuário para Javé.

Jacó estava morando com Labão, que era seu tio, nas terras de Padam-Aram. Enquanto vivia na casa de seu tio, apaixonou-se por Raquel, sua prima. Para poder se casar com Raquel, ele ofereceu seus serviços a Labão durante sete anos. Findo esse longo tempo, ele pôde se casar. Entretanto, Labão o enganou e fez com que ele se casasse com Lia, que era a irmã mais velha de Raquel.

Ao descobrir que fora enganado, Jacó não desanimou. Trabalhou outros sete anos para Labão até que, finalmente, conseguiu se casar com Raquel. Naquele tempo, a poligamia era comum, como ainda hoje é comum na cultuara árabe.

De certa forma, ao trabalhar para Labão, Jacó vai então pagar as trapaças e fraudes que ele fizera no passado, sofrendo sob as espertezas do tio.

Passado algum tempo, Jacó ajuntou as esposas, filhos, servos e um grande rebanho e resolveu deixar a casa de seu sogro. Enquanto voltava, Jacó encontrou-se com um homem misterioso, ao qual ele pedira que o abençoasse. O homem, entretanto, recusara-se a fazer isso. Jacó havia percebido que se tratava de Deus e, por isso, tanto desejava a sua bênção. Assim, ele lutou com o homem misterioso durante a noite inteira, sendo que finalmente conseguiu que este o abençoasse. Além disso, o Senhor deu a Jacó um nome novo, Israel. Israel significa “aquele que lutou com Deus”. Logo no dia seguinte, Jacó encontrou-se com Esaú, que já o havia perdoado há tempos.

Jacó teve doze filhos homens e uma filha mulher. O predileto de Jacó era José, filho de Raquel. Seus demais filhos se chamavam Rubem, Simeão, Levi, Judá, Dã, Neftali, Gade, Aser, Issacar, Zabulon e Benjamin. A filha se chamava Dina.

Jacó foi o terceiro patriarca. Seu nome foi pronunciado por Deus a Moisés no Monte Sinai, quando o Senhor afirmou: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.” Jesus, ao falar sobre a ressurreição, reafirmou o mesmo e ainda mais: “Deus é Deus dos vivos e não dos mortos.”

Nilson Antônio da Silva

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