sexta-feira, 6 de julho de 2007

Pentecostes



A última semana de Jesus na terra já havia passado. Seus últimos dias em Jerusalém, quando ele foi preso, torturado, julgado e condenado à morte na cruz já eram lembrados e comentados pelo povo como um acontecimento que se distanciava no tempo. Entretanto, seus discípulos e demais seguidores também comentavam entre si um fato que os deixava repletos de alegria: Jesus ressuscitou e estava vivo! Ele aparecera a Pedro, a Maria de Magdala e a vários de seus discípulos. Todos eles, contudo, evitavam fazer comentários sobre a ressurreição de Jesus em público por medo das autoridades judias, as mesmas que haviam condenado o Senhor à morte.
Finalmente, passados quarenta dias o Senhor Jesus subiu aos céus diante dos apóstolos e discípulos, tendo antes lhes dito que enviaria a eles o Espírito Santo para que os fortalecesse e assistisse enquanto estivessem no mundo. Enquanto isso, os apóstolos e Maria reuniam-se em todo primeiro dia da semana para orar e fazer memória da vida, morte e ressurreição de Jesus.
No dia de Pentecostes (cinqüenta, qüinquagésimo em grego), que era uma festa judaica tradicional celebrada cinqüenta dias depois da Páscoa, Maria e os apóstolos estavam em Jerusalém reunidos no mesmo lugar, que é chamado de cenáculo. A festa de Pentecostes era celebrada em comemoração às colheitas e, nessa época, judeus de todas as partes do mundo iam a Jerusalém. Vinham do Egito, da Macedônia, da Grécia, de Roma, da Pártia, enfim, de todos os lugares do mundo conhecido na época.
Enquanto Maria e os Apóstolos estavam reunidos, dentro do lugar onde estavam surgiu um ruído muito forte vindo do céu, como se estivesse soprando um vento muito forte, o qual encheu a casa inteira. Então, “apareceu-lhes algo como línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Eles ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, como o Espírito Santo lhes concedia falarem.”
Com todo aquele barulho e ao ouvirem aqueles homens simples falando em tantas línguas diferentes, o povo começou a se reunir em frente à casa onde estavam. E todos se perguntavam admirados e impressionados o que estava acontecendo ali.
Nisso, Pedro tomou a palavra e falou a todo o povo sobre a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo e a realização das promessas de Deus anunciadas pelos profetas. Naquele momento, a Igreja estava sendo revelada ao mundo inteiro! A salvação prometida por Deus e anunciada desde os tempos mais antigos pela boca dos profetas fora cumprida por Jesus e agora ao mundo inteiro isto era anunciado. A promessa é para os judeus e os seus filhos e também para todos aqueles em todos os tempos que ouvirem o apelo de Deus, conforme disse Pedro. Ou seja, o Espírito Santo foi, é e sempre será derramado sobre todos aqueles que são batizados e crêem em Jesus Cristo.
O “Espírito Santo procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”, conforme professamos no Credo Niceno-Constantinopolitano.
O Espírito Santo, enviado aos homens e mulheres, reúne todos os povos em todos os tempos e lugares no Corpo de Cristo, isto é, na Igreja, para que estes recebam de Cristo, sacerdote eterno, as graças necessárias para que possam chegar à vida eterna.
O Espírito Santo completa toda a obra salvífica de Cristo, reunindo todos os homens e mulheres num só Corpo, sendo Cristo a cabeça deste corpo e este mesmo Espírito Santo é o princípio vivificante, isto é, o que dá vida e faz viver este corpo. É o Espírito Santo que nos torna “filhos no Filho” e nos impele a voltarmos ao Pai.
A missão do Espírito Santo é fazer com que estejamos na comunhão do Filho – Jesus - com o Pai, santificando-nos e tornando a cada um de nós filho com Jesus.
O Espírito Santo é o Amor do Pai e de Jesus que, derramado em nossos corações, é um fogo que arde e que aquece, tornando-se força que nos une e nos aproxima. Os homens, ao receberem o Espírito Santo, passam a viver numa profunda e verdadeira comunhão entre si, estabelecendo-se em seu meio a confiança, a paz e a concórdia, outrora perdidas por causa do orgulho e da discórdia.
O Espírito Santo guia a Igreja nos caminhos da História, fazendo com que ela permaneça fiel ao Senhor Jesus e sempre encontre os caminhos e os meios eficazes para anunciar o Evangelho a todos os povos da Terra. O Espírito Santo derrama constantemente e sem medidas os seus dons sobre todo o povo de Deus, sustentando-o para que possa testemunhar continuamente a Boa Nova no mundo. Toda pessoa que foi batizada e crismada recebe os carismas do Espírito Santo, para que possa atuar com determinação e persistência dentro da Igreja, no serviço aos irmãos e no anúncio da Palavra de Deus.
Todas as pessoas que buscam guardar a Palavra de Deus com esforço de conversão e sinceridade em seu coração e, ainda, dedicam-se à oração e põe todo seu empenho em anunciar e testemunhar o Evangelho, estas pessoas vivem do Espírito Santo.
Os dons do Espírito Santo são sete: Fortaleza, Piedade, Sabedoria, Conhecimento, Conselho, Entendimento, Temor de Deus. Estes dons são chamados de Dons de Santificação. A Fé, Interpretação, Profecia, Cura, Línguas, Milagres, Discernimento, Ciência e Sabedoria são os chamados Dons Carismáticos.
Todos estes dons, o Espírito Santo os derrama de modos diversos sobre os cristãos, para que, acolhendo e abraçando com amor o dom recebido, entreguem-se de coração e alma a servir e amar a Deus.
É o Espírito Santo quem dá a verdadeira alegria, conforme nos diz a própria Mãe de Deus, ao proclamar repleta do Espírito Santo que “o meu espírito se alegra em Deus meu salvador!” Todos os patriarcas e profetas, todos os mártires e santos entregaram-se e abriram seus corações à ação do Espírito Santo, e este, agindo neles, proclamou as maravilhas e a glória de Deus. E continua agindo e proclamando em todos os tempos e lugares!


Nilson Antônio da Silva

Nenhum comentário: