segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Virtude da Fé


A virtude, palavra que deriva do vocábulo latino virtus e cujo significado está relacionado a força ou capacidade, é uma qualidade moral particular, isto é, inerente a cada pessoa em particular, a qual é uma disposição estável para praticar o bem. Muito além de uma simples disposição em fazer o bem, ela é uma inclinação para fazer o bem. Neste sentido, as virtudes são os hábitos que conduzem o homem a fazer o bem, quer seja individualmente ou em sociedade, levando em conta a espécie humana.

De acordo com as palavras do apóstolo Paulo, a fé é uma forma de já possuir aquilo que não se vê, mas que se espera e, portanto, já se tem a certeza de possuir. O ser humano está usando de toda a sua força e de toda a sua capacidade ao ter fé. Diante daquilo que ele não vê e que, portanto, em seu senso natural de observação, não pode comprovar, o homem deposita de todo coração a sua certeza em algo que ele não pode tocar nem ver. Ele acredita. E espera. Assim, ele possui. Possui primeiramente a certeza da existência para, então, possuir aquilo que espera.

Para ter fé, é preciso ter força. Muita força. Força de vontade para fortalecer o corpo e o espírito. É preciso ser capaz de. De quê? Em primeiro lugar, de acreditar no que não se vê. Em segundo lugar, de esperar o que não se vê. Com isso, brota a certeza de que aquilo que não se vê e que se espera existe. Simplesmente existe e nada pode desfazer essa certeza. Os olhos não veem, mas o coração sente. Ao sentir, vê; ao ver, acredita. Ao acreditar, espera. Ao esperar, sabe que existe e tem certeza disso. É a fé.

A vida de Jesus na terra foi marcada pela fé. Pela fé que ele depositava no ser humano e pela fé que ele esperava do ser humano. Quando as pessoas eram curadas de seus males físicos e espirituais, a palavra de Jesus era clara: “Vai em paz. A tua fé te salvou.” Que podemos concluir então? A fé é essencial para a cura e, sem crer, nada se faz. Aqui voltamos à questão da capacidade e da força já mencionadas. Ora, sem a capacidade, sem a força de vontade para ir até o Senhor, como acontecer a cura? Os evangelhos estão repletos de narrações sobre episódios em que a fé foi o foco central. Em várias ocasiões, Jesus elogia a fé daqueles que o buscam. Por outro lado, também censura duramente a falta de fé das pessoas. Ele afirma que se as pessoas tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderiam transportar montanhas e atirá-las ao mar. Que exemplo magnífico nestas palavras do Senhor! Ora, um grão de mostarda é uma sementinha bem pequenina das quais cabem centenas e centenas na palma da mão. Uma montanha, como todos sabemos, é algo bem grande e que ninguém consegue mover de um lado para outro. O que dirá arrancar do chão, erguer aos ares e atirar ao mar! Se a fé, ainda que tão pequenina, é capaz de fazer algo tão maravilhoso e racionalmente impossível, o que dizer então de quanto se tem fé? Tão somente a fé?

Penso que, neste caso, ocorre uma verdadeira comunhão de amor com Deus, numa entrega total e absoluta à vontade do Senhor, em que a confiança e a amizade com o Criador se tornam infinitas e eternas. Então, a pessoa realiza-se em plenitude como ser humano, isto é, atinge o ideal de santidade para o qual desde o princípio Deus a criou. O ser humano foi criado para ser santo e puro, justo e misericordioso, cheio de amor e fidelidade. Assim Deus o criou porque Deus é santo e puro, é justo e misericordioso, é o amor e a fidelidade. E o ser humano é a imagem de Deus. Portanto, deve possuir estas características. Jesus, enquanto viveu na terra, tinha todas estas características e, dessa forma, demonstrou que é possível ao ser humano ser santo e puro, ser justo e misericordioso e, enfim, amar e ser fiel.

A fé é uma dádiva de Deus. O Senhor planta a fé no coração do ser humano e espera que ela produza frutos. Contudo, o Senhor dá ao mesmo coração em que a fé foi semeada a liberdade de escolha para cultivá-la e fazê-la produzir ou deixá-la murchar e morrer. Cabe ao ser humano cultivar a fé que Deus lhe deu e pedir ao Senhor que a aumente e a torne fecunda. Cabe ao ser humano reconhecer constantemente de todo o seu coração e de toda a sua alma a misericórdia e a glória de seu Deus e Senhor e, a cada instante, exclamar “Meu Senhor e meu Deus”.

Somente pela fé, nós homens pecadores, somos capazes de reconhecer nossa condição de seres retirados do pó e olharmos em direção ao Senhor pedindo sua misericórdia e seu perdão para nossos pecados. Nós somos fracos e por nós mesmos nada podemos. Nada somos. Entretanto, a fé em Deus é capaz de nos guiar pelos vales tenebrosos da miséria humana e nos conduzir ao coração do Senhor. No Senhor, então, encontraremos repouso para nossas fadigas e consolo para nossas lágrimas.

Ao homem basta tão somente crer em Deus e amá-lo acima de tudo e de todos. Ao amar a Deus, o homem naturalmente vai amar o seu semelhante como a si mesmo. Assim, a violência, a morte e a dor causadas deliberadamente ao próximo perderão sua força e cessarão. É tão simples! Basta somente amar a Deus! Basta somente ter fé em Deus! E vivenciar a fé em todos os lugares e em todos os momentos trazendo no coração as palavras do apóstolo as quais afirmam que “a fé sem obras é morta”.

Neste sentido, vale lembrar que quem ama a Deus e ao seu próximo verdadeiramente, em toda a sua vida, as obras e a fé sempre estarão intimamente ligadas e uma não existirá sem a outra. Portanto, basta tão somente amar a Deus, pois quem ama a Deus tem fé e pratica obras que confirmam a sua fé e contribuem para um mundo em que reina a justiça e a paz do Senhor.

Nilson Antônio da Silva

Um comentário:

Camila disse...

Fico pensando em como deve ser difícil a vida das pessoas que não tem fé. Imagine, viver sem um Deus que te ama. É assustador.