terça-feira, 5 de maio de 2009

Dá Pra Abortar?


Sabe quando você acredita em um determinado valor? Pode ser uma coisa boba, mas se você acredita você vai defender. É algo assim meio que... briga entre cruzeirense e atleticano, católico e protestante, “ptistas” e tucanos, etc. Cada um tem seu ponto de vista, e o seu ponto de vista muitas vezes é pimenta nas vistas do outro, e por isso, não se entendem. Cada um quer estabelecer o seu modo de pensar. Entendeu?

Pois bem, eu sou contra o aborto. Não adianta vir com a história de que a mulher tem a liberdade de escolher porque o corpo é seu. Quando ela aborta, ela invade um corpo que já não é mais dela, está dentro dela, mas, não é exatamente sua propriedade. Também não engulo aquela história de que se for para a criança sofrer, é melhor abortar. Eu nasci em uma casa cheia de goteiras, um pai alcoólatra, uma mãe cozinheira e sete irmãos. Segundo a lei do “antes morrer do que sofrer” eu deveria ter sido abortado, mas, graças à Deus, minha mãe não era feminista nem tinha um pensamento universitário, era analfabeta mesmo. Ufa! Isso salvou minha pele. Se minha mãe fosse uma patricinha... se meu pai fosse um mauricinho...

Como aquele que, certo dia entrou na farmácia. Estava meio que sem jeito andava pra lá e pra cá, mexia nos cremes, depois nos xaropes para gripe, lia uma bula de lacto purga. Estava nervoso, olhava atentamente para os funcionários. No total, eram dezenove. Parecia que ele queria escolher alguém, não poderia ser qualquer um, deveria ser alguém que o entendesse. Por eu ser o mais jovem entre a turma ele acabou me escolhendo. Sou mais velho que ele, mas até que éramos parecidos: jovens, cheios de paixões, barba rala na cara, bigode ralo sobre os lábios, espinhas na testa e cabelo com gel. É... se eu fosse ele teria me procurado também. O que ele não sabia era da minha antipatia preconceituosa em relação aos abortista. Eles deveriam ter sido abortados.

O camarada se aproxima e diz: - Aí irmão, tô com um problemão, minha namorada tá grávida. Tem aí alguma coisa pr’eu dar pra ela, pra poder abortar? – Eu gelei todo. E ele continou: - Ser pai com dezesseis anos é foda! – Me deu vontade de dizer a ele que foda era o que fez a namoradinha dele engravidar. Segundo, em vez de procurar abortar, ele bem que poderia ter trago um currículum para entregar na loja, quem sabe ele não arranjava um emprego para sustentar o filho. Deu-me uma vontade de sentar à bordoada. Mas, respeitando o estatuto de boas condutas e posturas aos clientes eu o perguntei: - Você tem certeza que ela está grávida? – Ele respondeu: - Ela não mestrua há quatro dias. – Daí eu não ia fazer discurso nem pagar pau pro cara ali, no meio da farmácia lotada de gente. Consegui fazer com ele comprasse um daqueles testes de urina e disse para ele segurar a onda porque aborto é crime no Brasil, e talvez ele estivesse esquentando a cabeça à toa. Era melhor confirmar se a garota estava mesmo prenha. Fiquei torcendo para que não estivesse, porque se não, quem ia pagar o pato ia ser a pobre criancinha.

Eu fico pensando: quantas crianças irão ser assassinadas no ventre da mãe, só para um “playboy poder tirar uma com a sua mina”. Quem foi homem para fazer, tem que ser macho para assumir. Eu entendo o nervosismo e imaturidade do garoto. Aposto que ele devia estar com medo do seu pai, do pai da garota, da responsabilidade. Só que não dá para aliviar por causa disso. A vida humana tem que ser superior. Acredito na gana que o ser humano tem para viver, acredito na divindade do homem, pois ele é parte de Deus. Por isso eu acredito na vida, eu acredito no viver e no deixar viver.

Bruno Rodrigo Pinheiro Ramos

Um comentário:

A partir de uma palavra disse...

Valeu pela força. Legal vc ter postado o meu texto. Obrigado.